Hilda Hilst

Do desejo
(trechos)

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

Alcoólicas
(trechos)

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da línguaTinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida.

2 comentários:

  1. Lindo, Lindo!!!!.....Amei "De joaninha para mim"...
    Beijo grande minha cunhadinha lindaa!!!...rsrsrrs

    ResponderExcluir
  2. Lindo, Lindo!!!!.....Amei "De joaninha para mim"
    Beijo grande minha cunhadinha lindaa!!!...rsrsrrs

    ResponderExcluir

Sempre por Aqui

Números

© 'A Palavra Certa' - Todos os Direitos Reservados